Recentemente me perguntaram como eu me definiria, quem era
Virginia Mendes. Fiquei pensativa, analisei a minha trajetória e percebi que
sou a somatória das centenas de mulheres que cruzaram o meu caminho. Mulheres
guerreiras, exemplos de vida, de força e de luta, como é o caso da minha mãe,
dona Eurídice, que sempre lutou contra as adversidades e hoje trava mais uma
batalha, dessa vez a pela vida, contra a Covid-19.
Foi minha mãe, que é um exemplo de retidão, quem me ensinou
a olhar ao próximo e me mostrou que nós mulheres somos muito mais fortes que a
nossa aparência pode demonstrar.
Nesses últimos dois anos, em que estou exercendo a função de
primeira-dama, tive o privilégio de ter encontrado na minha caminhada mulheres
maravilhosas, como as que compõem a nossa equipe da Unidade de Ações Sociais e
Atenção à Família (Unaf), porque ninguém faz nada sozinho. O sucesso das ações
depende de uma equipe coesa e unida pelo bem de ajudar ao próximo.
Nessa trajetória, cruzei com histórias inimagináveis de
superação. Mulheres que fazem a diferença, como é o caso da Maria Aparecida do
Nascimento, a Cidinha, que trabalha na Associação de Catadores de Materiais
Recicláveis, e atua no aterro sanitário de Várzea Grande. Tive a oportunidade
de conhece-la por meio do projeto Vem ser Mais Solidário, que implantamos no
governo.
Que mulher é a Cidinha. Ela é motivadora e, sempre com um
sorriso no rosto, demonstra que quando realmente queremos, conseguimos superar
os nossos próprios limites. Ela só terminou o ensino médio após os 40 anos e
hoje dá curso de sustentabilidade em mercados e redes de hotéis. Que orgulho!
Pelas minhas andanças por esse Mato Grosso imenso, no
trabalho voluntário na Unidade de Ações Sociais e Atenção a Família, fui até a
Aldeia Wazare, no município de Campo Novo do Parecis, e conheci a liderança
indígena Valdirene Paresi, esposa do cacique Roni. Uma guerreira, com nível
superior, que exerce a profissão de professora, e que garante a perpetuação das
tradições indígenas. Ela trabalha diuturnamente na busca de oferecer sempre o
melhor para o seu povo.
Outra grande mulher que a minha função como primeira-dama
fez com que eu me aproximasse foi a desembargadora Maria Erotides. Que mulher
fantástica, que luta pela garantia dos direitos das mulheres e, atualmente, é
coordenadora estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar,
no âmbito do Tribunal de Justiça. Ela abraçou o meu projeto de implantar o
Plantão 24 horas da Mulher, em Cuiabá, que inauguramos em setembro do ano
passado. Uma conquista para milhares de mulheres, que sofrem agressões e não
tinham um lugar digno para serem acolhidas pelas forças de segurança.
E falando em Justiça, hoje nós somos representadas por uma
mulher na presidência do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, a desembargadora
Maria Helena Gargaglione Póvoas. Um marco para nós, uma representatividade que
demonstra a todas que temos competência para realizarmos nossos sonhos e
ambições. Nosso lugar é aonde desejamos estar.
Na minha história de vida, que todos conhecem, a adoção se
faz presente. Fui adotada pela minha mãe, o que me fez ter uma grande ligação
com a causa da adoção. E foi essa causa que me proporcionou conhecer a Lindacir
Rocha Bernadon, presidente da Ampara, que tem uma história que inspira. Ela
adotou três crianças e se dedica a orientar e transmitir informações sobre a
adoção, para desmistificar ideias preconceituosas. Que exemplo!
Outra grande inspiração é a Tais Augusta de Paula, que é
superintendente de Políticas Públicas para pessoas com deficiência. Ela pensa e
vive a causa que defende, movimenta as pessoas a pensarem no próximo, nas
dificuldades e busca sempre uma sociedade mais igualitária, em que todos possam
ter oportunidades.
E o que falar das mulheres que dedicam suas vidas a
alimentar o próximo. A oferecer o pão de cada dia. Como é o caso da pastora
Fátima, que não apenas busca o alimento físico para os mais necessitados, como
alimenta a alma com suas pregações. Outro grande exemplo é da Dona Pedrina que
oferece sopão no bairro Jonas Pinheiro III em Cuiabá, além da Dona Maria Orli,
que é a presidente da União Cuiabana dos Clubes de Mães, e da Rosângela, que
faz marmitas para oferecer às pessoas que necessitam.
Nessa minha função como primeira-dama, tenho ao meu lado
mulheres singulares, como a nossa secretária de Assistência Social e Cidadania,
Rosamaria. A Rosa é uma grande amiga e parceira, que tem uma linda trajetória
de vida, sempre a frente do seu tempo e que mostra seu valor em todas as
tarefas que desempenha. Em nome dela, estendo a minha admiração a toda equipe e
as primeiras-damas do nosso Estado que lutam para oferecer oportunidades iguais
para as mulheres.
Todas mulheres fortes, que pensam e agem para ajudar pessoas
que não conhecem. Só trabalham pelo simples fato de fazer o bem, para modificar
a realidade em que se encontram.
Não foi apenas no exercício do trabalho voluntário nos
projetos sociais, como o Vem ser Mais Solidário, o Ser Mulher, Ser criança, Ser
Família, Ser Idoso, Ser Cidadão Indígena e Ser Inclusivo, que encontrei
mulheres fantásticas, mas nas atividades simples do dia a dia, como é o caso da
Daniele Salustiana dos Santos Silva, que cuida do nosso gabinete, da Dona
Lenise Oliveira, que está conosco há 13 anos e nos ajuda no dia a dia, entre
tantas outras mulheres guerreiras, com trajetórias extraordinárias de vida.
E o que dizer das nossas mulheres, profissionais da saúde,
que estão na linha de frente do combate ao coronavírus. Médicas,
fisioterapeutas, enfermeiras, técnicas e auxiliares de enfermagem, mulheres que
cuidam da limpeza e da alimentação dos pacientes. Pessoas que deixaram de lado
a própria família, para ajudar ao próximo, nesse momento único de pandemia. No
anonimato trabalham sem descanso para salvar vidas. Em nome da Patrícia Neves,
que é a diretora do Hospital Estadual Santa Casa, presto a minha homenagem a
essas mulheres da saúde. Elas merecem todos os aplausos.
Por isso, sei que ao longo da minha vida, fui humildemente
observando, assimilando e aprendendo com mulheres como essas, e tantas outras
mato-grossenses, que somos capazes de fazer absolutamente tudo. Que o mundo
precisa nos respeitar. Que somos fortes e precisamos de espaço.
Feliz dia da Mulher a todas as mulheres do nosso Estado, que
lutam por uma sociedade justa e igualitária, com garra, delicadeza e amor.
*Virginia Mendes é economista e primeira-dama de Mato Grosso